quinta-feira, agosto 05, 2004

fio na face, fluxo doce de uma onda do mar



(F.)


Lá saiu, F outra vez.
Desta feita foi dizendo
que ia comprar rebuçados.
O ponto de partida
teria de assentar
no plano vago
que também incluía uma ponte
até ao porto de chegada.
Evidentemente que entre
um maravilhoso isto
e um sensacional aquilo
se perde muitas vezes,
e muito incrivelmente,
uma belíssima continuidade,
o fio da meada, quejandos,
vice-versas respectivos ou não.
Seja como for, desta vez,
foi outra vez em que F
saiu falando à toa.
A solidão em si mesma
é o estado menos solitário
que se pode conceber
já que, a seu tempo,
ela está com todos
e cada um de nós.
As insónias têm nomes
desencontrados
e alheios aos sonhos;
têm a essência triste
das ideias extraviadas
na rota dos ventos;
e tudo isto acontece
nos meandros
da própria mente.
... A ver de rebuçados
como F disse, ao sair,
mas queria, algo mais,
como a transparência
abrupta de um vento
etilizado em cristal;
julgava inexpugnáveis,
todos os acessos
à ideia de infinidade
num reflexo de um copo.
Lá saiu... de vez
e atrás de si
todas as deixas de uma vida
não importavam mais
que... ... ... rebuçados.


_________________LuMe
Luis Melo

rosto...

  rosto em silabas as artérias estão vazias dentro de mim. escuto gritos sucessivos e a sede é abandono em dias inúteis. o tempo é...